Eminente Acadêmico Presidente, Carlos Alberto Paraguassu Chaves;
Eminente Acadêmico Vice-Presidente, Vanderlei Coelho dos Santos;
Eminentes Acadêmicos;
Autoridades maçônicas, maçons;
Visitantes.
“A gratidão é a memória do coração”.
Com esta frase do filósofo grego Antístenes, que foi discípulo de Sócrates, dou início às minhas linhas, pois a palavra sagrada de hoje, é gratidão.
Gratidão ao Grande Arquiteto do Universo, pela dádiva da vida;
Gratidão à minha família, pela dádiva do amor;
Gratidão aos meus amigos, pela dádiva da amizade;
Gratidão aos eminentes acadêmicos, pelo voto de confiança refletido em minha aprovação para esta Academia Maçônica de Letras de Rondônia.
Muito embora eu tenha consciência de que me faltam predicados para fazer jus a tão honrosa distinção, posso alegar, em meu favor, que me sobram entusiasmo e vontade de aprender.
Disse Platão: “devemos aprender durante toda a vida, sem imaginar que a sabedoria vem com a velhice”.
Tenho a esperança de chegar à velhice, mas não tenho pressa alguma. Segundo um velho ditado: “a esperança é a última que morre”, então, já que é assim, vou agarrado nela, a esperança.
A Maçonaria é uma escola de filosofia moral e de ética social. Ela visa promover o aperfeiçoamento de seus adeptos, pelo aprimoramento das virtudes, e contribuir para a edificação de uma sociedade mais justa e perfeita.
É, pois, a Maçonaria, a fonte onde a Academia Maçônica de Letras seleciona alguns maçons para o privilégio de compor este sodalício.
Há na literatura, um texto atribuído a Ulisses, que foi Rei de Ítaca. Ele teria declamado, por ocasião das homenagens póstumas a Aquiles, o grande guerreiro da Ilíada de Homero, o seguinte:
“O homem é assombrado pela vastidão da eternidade. Então, perguntamos a nós mesmos: irão nossos atos ecoar através dos séculos? Estranhos ouvirão nossos nomes muito depois de termos partido e imaginarão quem fomos, o quanto lutamos bravamente e o quanto amamos intensamente? Se um dia contarem a minha história, que digam que eu andei com os gigantes. Homens se erguem e caem como o trigo no inverno, mas, esses nomes jamais perecerão. Que digam que eu vivi na época de Heitor, domador de cavalos; que digam que eu vivi na época de Aquiles”.
Assim como fez Ulisses, posso dizer eu: se um dia contarem a minha história, digam que tive o privilégio de ter sido membro desta Academia.
Conta uma lenda grega, que a bela Helena de Troia foi raptada. E havia um herói ateniense, chamado Akademos, que revelou o local onde ela havia sido ocultada pelos sequestradores. Os irmãos dela, os gêmeos Castor e Pólux, conseguiram encontrá-la e libertá-la. Como agradecimento, deram de presente a Akademos uma mansão nos arredores de Atenas. Ao morrer, Akademos deixou a mansão para a cidade. Nela foi criado um jardim público que ficou conhecido como jardim de Akademos. Por volta de 387 a.C, Platão ali se instalou com seus discípulos, e com o tempo chamou aquele local de Academia. Nesse lugar, Platão criou uma escola e reunia os seus discípulos para transmitir suas doutrinas. Esta foi a primeira Academia de que se tem conhecimento na história.
Muitos séculos depois, o Imperador Carlos Magno, que viveu entre os anos de 742 e 814 d.C., criou uma escola e reuniu nela um grupo de eruditos. Essa escola era chamada de Academia, em alusão ao Jardim de Atenas, onde lecionou Platão.
Com o tempo, o nome Academia passou a ser adotado para designar grupos de estudiosos, de universitários, de cientistas e de pesquisadores. Nos dias atuais, Academia é um termo usado para finalidades diversas. Por exemplo, Academia de ginástica. Não obstante, o significado que remonta a Academia como um grupo de eruditos, assim como fez Carlos Magno, ainda é preservado por nobres instituições, como é o caso da Academia Maçônica de Letras de Rondônia.
Embora eu não seja um erudito, me sinto bem de estar rodeado por eles. Nas palavras do estadista, orador e filósofo romano Cícero, “onde se está bem, aí é a pátria”. O meu caso é exatamente este: estou bem em ser desta Academia, e agora ela é também a minha pátria.
Quando no fim dos anos 90 eu vim sozinho do Amazonas para Rondônia, minha ideia era apenas a de cursar Direito na Universidade Federal de Rondônia. Mas fui por aqui ficando, e um dos motivos foi que naquela academia universitária eu encontrei o meu amor, ela que me acompanha há mais de vinte anos.
Aqui nestas terras rondonienses, onde uma estrela figura no centro de sua bandeira, eu encontrei também uma outra estrela, que ilumina o meu centro espiritual.
Hoje sou rondoniano, mais do que ninguém.
Quanto à Maçonaria, sou filho, neto, bisneto e tataraneto de maçons, até onde consegui rastrear a minha ancestralidade. Talvez por isso, desde sempre fui atraído pela Ordem, e foi nesta cidade de Ariquemes, na Loja Maçônica Vale do Jamari nº 38, que eu fui iniciado nos Augustos Mistérios.
Eu considero o meu ingresso nesta Academia, um ato de generosidade em meu benefício, e ao mesmo tempo, um belo desafio. Agora o jeito é acelerar o passo e dar provas de que os senhores acadêmicos não erraram em me confiar esta honra.
Lendo a respeito do assunto “academias de letras”, me deparei com uma frase de discurso pronunciado pelo Dr. Ib Gatto Falcão, por ocasião de sua posse no ano de 1984 na Academia Alagoana de Letras, que me chamou a atenção. Disse ele:
“Esta Academia que nos vai da lei da morte libertando, como dissera o bardo inolvidável, mantém na sua atmosfera o perfume da eternidade, na pureza dos seus princípios e no exercício dos labores quase divinos da arte, das letras e da cultura.”
Vejo que a ideia central, aquilo que dá sentido em pertencer à uma Academia de Letras, é o de trabalhar pela produção e difusão das letras. Por isso, tenho que a palavra de passe de hoje é: Laborar.
Diz-se que o tempo não perdoa. Mas ele também pode ser nosso amigo. O tempo proporciona a evolução das sementes em árvores, e delas os frutos. Hoje foi lançada uma semente na cidade de Ariquemes.
Existe uma composição de Caetano Veloso, chamada Oração ao tempo. Sem o intento de desfigurar a letra original, mas adaptando-a à finalidade deste pronunciamento, trago como reflexão:
Tempo, és um senhor tão bonito
Quanto a cara da minha filha
Tempo, vou te fazer um pedido
Compositor de destinos
Tambor de todos os ritmos
Tempo, entro em um acordo contigo
Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
Tempo, és um dos deuses mais lindos
Que sejas ainda mais vivo
No som do meu estribilho
Tempo, ouve bem o que te digo
Peço-te o prazer legítimo
E o movimento preciso
Quando o tempo for propício
De modo que o meu espírito
Ganhe um brilho definido
E eu espalhe benefícios
O que usaremos pra isso
Fica guardado em sigilo
Tempo, apenas contigo e migo
E quando eu tiver saído
Para fora do teu círculo
Não serei nem terás sido
Ainda assim acredito
Ser possível reunirmo-nos
Num outro nível de vínculo
Portanto, peço-te aquilo
E te ofereço elogios
Tempo, nas rimas do meu estilo
Tempo, tempo, tempo, tempo
O tempo é nosso amigo.
Muito obrigado pela atenção de todos.
Izautonio da Silva Machado Junior
04/09/2021
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